segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Os Azares da Sofia

Imagens/vídeos:





Informação: Imaginem uma Heidi ou uma Nadia (aquela de Ashite no Nadja), só que com uma personagem principal de moral muito questionável. Imaginaram? Bem, essa é a Sofia. Ou seja…este desenho animado era daqueles para chorar litros. É que a própria Sofia chorava bastante e quase tudo lhe corria mal. Aliás, o genérico tinha uma imagem de grande intensidade dramática: a Sofia a subir umas escadas a correr enquanto chora. Sim, a Sofia tinha “azares”. A começar por, durante uns bons episódios, os seus pais estarem desaparecidos. A bem dizer, a mãe da Sofia, no início, não estava desaparecida, mas parece que a Sofia se perdeu dela a certa altura e ficou “sozinha”. Já o pai parecia um “verdadeiro” desaparecido e havia umas quantas peripécias para o encontrar. Mas tudo corria mal. A Sofia não tinha uma vida fácil, apesar de estar rodeada de pessoas que se vestiam bem; houve uma madrasta que a “adoptou” e que não a tratava muito bem. E os adultos à volta da Sofia castigavam-na várias vezes (mais um litro de lágrimas!). É que ela também não era uma santinha – este assunto está desenvolvido em baixo. Era uma menina que parecia ter tendência para o conflito. É, este desenho animado tinha os curiosos pormenores de ser muito triste e de ter uma personagem principal que não inspirava assim muita compaixão. Acho que o via mais por hábito, porque eu nem sequer gostava da Sofia. Talvez eu fosse demasiado sentencioso com ela. Mas, em retrospectiva, é bastante emocionante.

Inspirado num livro da Condessa de Ségur publicado no século XIX, este desenho animado pertence àquele género a que Nuno Markl tão sagazmente chamou o género Vamos lá pôr a criançada a chorar e os paizinhos que lhes expliquem como é miserável a vida!


Alguns episódios
- Tive a sorte de ver o primeiro episódio deste programa. Não me lembro de tudo, mas lembro-me do pormenor - aliás, “pormaior” - de ser um episódio em que a Sofia fazia asneira mais do que uma vez! Primeiro, zangava-se com o seu amigo (no livro era primo, no programa não sei) Paul e arranhava-o à força toda, deixando-lhe uma ferida bem visível. O Paul, coitado, quis proteger a Sofia para não a castigarem. Vai daí, sabem o que é que ele fez? Atirou-se para dentro de arbustos cheios de espinhos e fingiu que tinha lá caído para justificar o arranhão! O que ele não sabia era que a Sofia o viu a atirar-se para os arbustos e percebeu porque é que ele o tinha feito. Isso deixou a Sofia com um grande sentimento de culpa. Tanto que, mais tarde, ela admitiu aos adultos que, não, aquela ferida não era dos arbustos; tinha sido ela a arranhá-lo. Os adultos perdoaram-na, mas a mensagem subliminar deles, no fundo, foi: “Minha menina, voltas a pisar a linha e não vamos ser nada brandos, é garantido!”. 
A Sofia arrependeu-se novamente...mas nem isso a impediu de meter a pata na poça outra vez! É que houve uma senhora que trouxe uma caixinha com frutos tipo bolo-rei (ou podiam ser só frutos; eu não sabia nada sobre a cultura francesa) e deixou cada criança tirar dois. Eles regalaram-se. Porém, a Sofia entrou à socapa no compartimento onde estavam esses frutos e não resistiu a comer muitos mais. Quando viu o sarilho em que se meteu, disse a si própria que ia contar aos adultos que foi uma ratazana grande e gorda tinha comido aquilo tudo. Mas não aguento e acabou por confessar. E foi castigada a sério. Pois é...mais um dia na vida de Sofia, uma pequena com tendência para fazer asneiras, mas capaz de sentir culpa.


Não...não comas a maçã, Eva...quer dizer, Sofia!


- Certo dia, um homem foi pedir a um daqueles lugares onde se guardam papéis para efeitos de registo (não sei se eram registos de passageiros de transporte ou registos civis ou coisas assim) para procurar pistas sobre o paradeiro do pai da Sofia. Atendeu-o um funcionário que estava convencido que ia encontrar o nome do pai, mas de cada vez que ele olhava para um papel, concluía que não, não estava ali nada útil. A certa altura, o funcionário largou os papéis e pegou no casaco. O homem perguntou-lhe o que se passava e o funcionário respondeu: “Está na hora de fechar.”. O homem protestou, dizendo que não tinham avançado nada. O funcionário disse ah e tal, volte outro dia. Ainda hoje me lembro de como torci o nariz a esse funcionário. Não tanto por ele ir embora na hora certa - não o censuro por isso - mas sim por ele ter pegado no casaco assim de repente, sem sequer dizer ao homem que tinha de ir embora e pedir-lhe logo que voltasse outro dia. Achei que era uma questão de cortesia...mas talvez o tenha julgado com pouca justiça. Quem sabe...

- Num episódio em que a Sofia já vivia com a madrasta, a pequena lamentava a fome que tinha ao longo do dia por a madrasta controlar severamente o (pouco) que ela comia diariamente. Note-se que isto não é coisa pouca: a madrasta chegava ao ponto de não a deixar tomar a famosa refeição importante do dia, o pequeno-almoço! Adiante...uma criança amiga da Sofia ofereceu-lhe biscoitos e, enquanto a Sofia comia, comentou que não gostava da madrasta de Sofia e que ela era má “como um ogre!”. As amigas sugeriram que ela tivesse mais calma com as palavras, mas a pequena mal o fez. Ela e a Sofia eram muito próximas.

Uma(s) voz(es): ?

Uma(s) personagem(ns): Paul; Sofia

Genérico: Instrumental