Uma reposição da obra-prima Phineas e Ferb no Disney Channel não é necessariamente algo inédito; tanto quanto sei, o canal já fez isso algumas vezes. Porém, tendo em conta a qualidade imensurável que o Phineas e Ferb tem - na minha opinião, claro... - acho que vale a pena avisar aqui no blog que, durante um certo tempo, quem tiver o Disney Channel vai poder ver pelo menos 18 episódios deste icónico programa. Aliás, creio que até ao dia 11 de Novembro deste ano vai ser possível começar a ver pelo seu 1º episódio. Bem...quer dizer...pelo menos quem tiver a possibilidade de "voltar atrás no tempo" 7 dias na sua TV.
Por agora, a situação é mais ou menos esta: quer uma pessoa tenha gravações automáticas na TV ou não, durante umas semanas essa pessoa deverá poder ver uns belos episódios do programa com o nosso cientista malvado favorito - uma fonte inesgotável de risotas! Portanto, sugiro que aproveitem; mesmo que não tenham muito tempo livre, os episódios não são muito compridos e a diversão é quase garantida. Vamos a isso? :) O último a chegar é -Ei...onde está o Perry?
E cá está mais um bendito regresso. Este é dos grandes...indo direto ao assunto, o canal Panda Kids estás a passar novamente o saudoso desenho animado Oliver e Benji!
Eu gosto de pensar que este programa dispensa apresentações. Por outro lado, sabendo que alguns pensadores/intelectuais dos dias de hoje defendem que a cultura de massas já não existe (ou, pelo menos, já não funciona como funcionava há uns anos), talvez precise de alguma espécie de apresentação. Bem, correndo o risco de simplificar em excesso, é um anime sobre um grupo de jovens futebolistas que jogam competições cheias de futebol, mas também cheias de monólogos interiores! XDDD E, pessoalmente, acho que a história do programa é praticamente isto...acho que é uma história relativamente simples, embora seja muito eficiente dentro da simplicidade que tem. O que torna o programa épico são vários fatores, entre os quais a música, a qualidade da animação - que passa tão bem os sentimentos das personagens que qualquer duelo pela bola se torna uma experiência televisiva para recordar - e, como muitos irão concordar, as memoráveis e muito agradáveis vozes da dobragem portuguesa feita pela Somnorte.
Pois é; se algum dos leitores estava com medo de apanhar uma reposição do Oliver & Benji com coisas como legendas ou até dobragens alternativas, posso tranquilizar esses leitores: nesta reposição do Panda Kids, não há nada disso. Mantiveram a dobragem portuguesa...e muito bem, na minha opinião. Em tom de brincadeira (será?...), eu creio que nem é legal ouvir a saudosa personagem do Oliver Tsubasa sem que esta tenha a voz da atriz Paula Seabra. Felizmente, não vou ter de sujeitar-me a isso. Para mim, o Oliver é a Sra. Seabra e fim da história! ;)
Portanto, se estiverem impacientes para ver ou rever este programa, vão ao Panda Kids e apreciem esta delícia. Aliás, se forem rápidos, ainda vão poder ver o clássico primeiro(?) episódio em que o Nuipi joga contra o São Francis não num contexto de campeonato, mas no contexto de defender o seu direito de jogar naquele campo (esse passou no dia 19). Divirtam-se!
Informação: Cá estamos "nós", mais uma vez, com uma pequena batota. Isto é: num post que não é acerca de um programa, mas acerca de um filme e/ou episódio especial. Neste caso, refiro-me ao que deve ter sido um episódio especial da saudosa Rua Sésamo. Um episódio em que, sem explicação aparente, o Poupas tinha um circo. Um circo cheio de artistas que, na verdade, eram as personagens que moravam na Rua Sésamo (aqui também se incluem o André, o Gil e a Guiomar, que já não apareciam na Rua Sésamo a que se refere este post vintage aqui do blog): https://desenhosanimadosesquecidos.blogspot.com/2013/11/rua-sesamo-4-serie.html
-----------Neste momento, alguns fãs fiéis da coleção "daquelas" 30 cassetes da Rua Sésamo poderão estar confusos...afinal, esses fãs lembram-se de um episódio dessas 30 cassetes que se chamava algo como "O Poupas Vai ao Circo" (ao qual, para simplificar, vou chamar OPVAC) e são capazes de estar a pensar se eu não estou a misturar 2 coisas diferentes que têm pouco a ver.-------------
O que seria uma dedução ligeiramente razoável. Mas acontece que não; não estou a misturar coisas diferentes. É que este O Circo do Poupas de que eu estou a falar - atenção que o título pode não ser exatamente este... - mostrava realmente um circo! Pois é....quem se lembrar do tal episódio das 30 cassetes OPVAC deverá lembrar-se que, nesse episódio, o Poupas vê indícios de um circo e fala com os amigos sobre isso...mas nunca chega a ver um espetáculo de circo! Logo por aí, já se vê uma diferença entre estes 2 episódios da Rua Sésamo que estou aqui a distinguir: no OPVAC, falava-se na passagem de um circo pela rua, mas nunca se via o tal circo; n' O Circo do Poupas, aí sim, o espetador podia ver uns quantos números de circo. Mesmo que os números fossem executados não exatamente por profissionais da arte circense, mas sim por Pedro Wilson, Fernanda Montemor e restantes membros do elenco da Rua Sésamo. De certa forma, o elenco estava até a fingir que eram outras personagens...o Gil, por exemplo, era apresentado como sendo um tal de "Gil Gilão", o Homem das Forças. E depois levantava uns halteres pesados...que, em retrospetiva, deviam ser parcial ou totalmente falsos! Porque duvido que Pedro Wilson estivesse realmente treinado para levantar pesos que exigiam um esforço incomum do corpo e uma certa musculatura. Mas não sei, talvez até estivesse...
De resto, o circo apresentado pelo Poupas seguia um padrão que era mais ou menos assim: havia um número de circo feito pelo elenco da Rua Sésamo, depois um sketch da Rua Sésamo com desenhos animados ou então marionetas. Depois outro número de circo, depois outro sketch...e assim por aí fora. Lá pelo meio deste padrão, havia um número musical mais ou menos isolado em que o Poupas, com a gata Tita ao colo, cantava uma canção cujo nome desconheço, mas à qual eu chamo "Circo circular". A canção era cantada em parte pelo Poupas, em parte pela Tita. E terminava com a repetição do refrão enquanto os petizes que tinham vindo ver o circo faziam uma bela roda à volta do Poupas e da Tita. Creio que a ideia era passar ao espetador uma mensagem de harmonia e de união entre as simpáticas marionetas e o seu público principal...eu, pelo menos, achei giro. A canção, salvo pequenos erros, tinha a seguinte letra:
O meu circo é redondinho
O meu circo é circular
Vai de roda, vai de roda
Vai de roda sem parar
E agora vamos ver
O que vai acontecer
Quem é que vai aparecer
Para atuar (miau!)
E agora vamos ver...
Os (qualquer coisa)
(qualquer coisa)
(qualquer coisa) a rugir
Os palhaços a cai-ir!
No meu circo circula-ar!
O meu circo é redondinho
O meu circo é circular
Vai de roda, vai de roda
Vai de roda sem parar
Vai de roda, vai de roda
Vai de roda
Sem parar!
E era isto. Eu gostava gosto bastante da canção, sobretudo porque as notas e os instrumentos me são muito agradáveis de ouvir. Mas voltando um pouco à estrutura deste episódio especial que foi O Circo do Poupas, importa também dizer que os sketches da Rua Sésamo que eram mostrados seguiam uma certa lógica: a lógica de aprender a contar até 10. Ou seja: tirando 1 ou 2 momentos, os sketches seguiam a ordem crescente de 1-2-3-4-5-6-7-8-9-10. Neste sentido: o 1º sketch era sobre um cantor e dançarino que era o número 1 (sim, o número 1 em "pessoa"). O 2º sketch era sobre um faquir que chamava 2 cobras. O 3º sketch era sobre 3 agapitos. O 4º...bem, suponho que já perceberam a ideia. Portanto, é fácil concluir que a ordem dos sketches era mais um empurrãozinho para as crianças que viam o circo do Poupas soubessem contar até 10. Embora, mais para o final, este episódio especial fizesse uma pequena batota e acrescentasse mais 1 ou 2 sketches que ou não se focavam num número em particular...ou então davam algum destaque ao número 12. Pois é; a certa altura passava a canção "Está na hora, agora", que andava à roda dos 12 números do relógio.
Alguns episódios
- Como espero ter explicado bem, O Circo do Poupas não era um programa, era mais um episódio especial da Rua Sésamo (tão especial de creio que vinha numa cassete à parte!). Um episódio muito mais comprido que os habituais, por sinal. Ainda assim, podemos subdividir este episódio especial em números, tendo em conta a sua estrutura. Neste sentido, um dos números finais (que se focava no nº 10) consistia no circo de pulgas do Ferrão. O nosso amigo do barril explicava ao Poupas que era dono de 10 pulgas que sabiam fazer truques e tinham todas nome. E posso estar a lembrar-me mal, mas creio que todas elas tinham nomes acabados em "ina" (exemplo hipotético: Guilhermina, Clementina, Josefina...), menos uma: a Maria da Fé. Neste número, o Ferrão mostrava as tais pulgas a fazer truques...mas nós não víamos pulga nenhuma! Nem mesmo o Poupas, que só dava por alguma pulga quando ela lhe saltava para as penas e começava a dar-lhe cócegas! Sim, por alguma razão, estas pulgas não faziam comichão, mas sim cócegas...e enquanto o Poupas ria sem parar, pedia à Tita para tomar as rédeas do circo, já que o pobre pássaro gigante não conseguia continuar por causa do riso.
- Outro dos números que se podiam ver neste circo era um número em que o Zé Maria e a Carolina apareciam, respetivamente, como um palhaço e uma bailarina. Através do seu canto, o icónico Fernando Gomes (para quem não souber, é o Zé Maria) contava a melancólica história de um palhaço que era apaixonado por uma bailarina mas não lhe sabia falar. Um dia, a pobre bailarina caía e ficava presa e só o palhaço a ajudava. Aí, eles conheciam-se e tornavam-se um casal. A canção que ele cantava rimava e tudo...lembro-me, por exemplo, do verso "Era uma vez um palhaço / Que tombava a cada passo" e do verso "Desde então andam a par / Ela a rir, ele a cantar".
- Acreditem ou não, um dos sketches focados num algarismo era um sketch já usado anteriormente pela própria Rua Sésamo! Era o, vá, "famoso" número em que o Egas queria contar os pires e as chávenas que estavam numa pilha de loiça. Enquanto o Becas era consumido pela preocupação porque achava que o Egas ia fazer asneira e partir a loiça.
Outro sketch reciclado, por assim dizer, era o das 6 malucas meias.
Uma(s) voz(es): Luís Mascarenhas; Luís Velez; Paula Pais; Rui de Sá; Rui Paulo
Uma(s) personagem(ns): Agapitos; André; Avó Xica; Becas; Carolina; Egas; Ferrão; Gil; Guiomar; Número 1; Poupas; Sr. Almiro; Tita; Zé Maria
Informação: Algumas pessoas a ler isto deverão reconhecer logo a referência do cão Tinoni. Afinal, do pouco que consegui investigar, esta personagem já foi usada em vários contextos, não apenas neste programa a que me refiro neste post. Esse era um programa relativamente curto e, segundo o IMDB, foi feito por volta de 1996 ou 1997. Quanto às outras versões do cão Tinoni não sei, mas nesta o cão bombeiro aparecia como uma marioneta. Uma marioneta bem simpática, diria eu. E a maioria das restantes personagens também era interpretada através de uma marioneta.
Este programa funcionava quase como um desses "anúncios de serviço público". Ou seja, embora as crianças que o vissem pudessem vê-lo como entretenimento devido à animação das imagens e à presença dos bonecos fáceis de gostar, o principal propósito do programa parecia ser proteger a população em geral, nomeadamente no sentido de prevenir acidentes caseiros. Nesse sentido, o simpático cão Tinoni e os seus companheiros - que eram o jovem Bruno, um pássaro falante e uma espécie de astronauta que aparecia quase sempre num ecrã - iam apresentado aos espetadores diversos cenários que podiam terminar com uma pessoa - geralmente, uma criança - magoada (ou pior...). Alguns conselhos eram mais gerais, como evitar mexer em objetos afiados. Outros eram mais específicos, como aquele do qual eu me lembro mais claramente: o de usar um antiderrapante quando tomamos duche. Habitualmente, era o Bruno que representava a pessoa que fazia coisas que arriscavam a sua saúde e/ou integridade. De resto, nalguns episódios, o tal astronauta fazia questão de dizer no final "Bravo, Tinoni!" depois de o nosso cão bombeiro completar a sua lição sobre prevenção de acidentes ou semelhante. É a tal frase "Bravo, Tinoni!" que eu, ainda hoje, mais associo a este programa.
Há ainda outro pormenor curioso sobre este programa: por alguma razão, havia episódios "normais" (por assim dizer) e episódios "especiais" de férias de verão. Os tais episódios de verão até tinham uma canção no final que era assim:
Tinoni, Tinoni
Tinoni e Companhia
Nas tuas férias de verão
Vem cantar esta canção
Tinoni, Tinoni
Tinoni e Companhia
Tinoni, Tinoni
Tinoni e Companhia
Não sei bem porquê, mas eu lembro-me mais desta canção do que qualquer música que eu possa ter ouvido no Tinoni e Companhia. Talvez por eu ter visto mais episódios "especiais" de verão do que os "normais". Aliás, ainda hoje me pergunto se os episódios de verão eram assim tão diferentes dos "normais", vá. Pelo menos do que me recordo, não pareciam assim tão diferentes...a estrutura era praticamente a mesma, as personagens também, o tema do episódio não mudava por aí além, etc. Mas pronto, os criadores do programa lá saberão. E não deixo de achar a distinção interessante.
Alguns episódios
- O Bruno estava a precisar de qualquer coisa que estava em cima de uma prateleira ou assim. Não me lembro se o rapaz tentou chegar à prateleira de forma perigosa, mas o Tinoni e os outros lá avisaram que ninguém deve improvisar escadotes para chegar a um sítio alto porque ah e tal, se puseres uma cadeira em cima da outra, elas podem separar-se e tu cais e magoas-te. No fim do episódio, perguntam ao Bruno como é que ele afinal conseguiu chegar à coisa de que precisava se ela estava tão alta e o Bruno respondeu: "Nos bicos dos pés". Ao que o astronauta respondeu que era bem pensado.
- No tal episódio de que eu me lembro mais claramente, o Tinoni aparecia e os seus amigos perguntavam se ele não tinha dito que ia tomar banho. O Tinoni respondia: "Ia, sim. Mas onde é que está o antiderrapante?". A partir daí, estava dado o tema central do episódio; as nossas personagens lá explicavam que não se deve tomar duche sem ter o antiderrapante no chão da banheira porque ele tinha aquelas ventosas e evitava que as pessoas escorregassem no banho devido à combinação da água e da porcelana (ou semelhante) da banheira, que têm alguma tendência para fazer escorregar e, consequentemente, magoar as pessoas. Na altura, ao ver esse episódio, eu achei interessante aprender através daquele programa o nome do antiderrapante. Afinal, não era um objeto do qual os meus círculos sociais falassem muito...até diria que não falavam nunca dele! E, também por isso, eu não sabia qual era o nome "oficial" daquela coisa a que eu, numa tentativa de definir, chamava "aquele tapete que está na banheira". Ao conhecer a palavra antiderrapante, aprendi uma coisa nova.
Já agora...caso alguém esteja com curiosidade, no fim da explicação, o Tinoni perguntava onde estava afinal o antiderrapante e os outros respondiam "Na banheira!". XDD E lá ficava o Tinoni a ralhar um pouquinho consigo próprio, dizendo algo como "Pois...logo o único sítio onde não o procurei.".
- Houve também um episódio, do qual me lembro muito menos, em que o Tinoni e os restantes falavam do relativo perigo que os elevadores têm. Por acaso até não se focavam muito da possibilidade de uma pessoa se entalar na porta; em vez disso, avisavam mais a pequenada para não ceder à tentação de brincar com o elevador e carregar nos botões todos como se fosse um jogo, pois isso podia estragar o elevador e deixar as pessoas lá presas. E víamos uma simulação dessa mesma situação.
Digo-vos uma coisa: às vezes descobrir, ao fim de muitos anos, o nome original de um programa...faz uma diferença do dia para a noite. Quer dizer, tantos anos procurei pelos Traquinas...e afinal era capaz de ter tido resultados bem mais depressa se soubesse que o título em inglês era "Little Monsters"!
Até percebo o título, mas cá para mim passar de "traquina" para "monstrinho" não é a coisa mais intuitiva do mundo. Pelo menos agora já vos posso mostrar algo do desenho animado.
Informação: Em retrospetiva, é curioso e talvez até bizarro que tantos desenhos animados que passavam no Batatoon estejam tão esquecidos. Quer dizer, tanto quanto sei, o Batatoon é um programa lembrado por muitos...por vezes até por quem não acompanhou o programa. Enfim; se é verdade que o Batatoon foi um grande êxito no seu tempo, também o é que muita gente só se lembra de uns poucos desenhos animados que passavam no programa do palhaço Batatinha (os melhores, quiçá...) e esquece os restantes. Este das formigas é mais um dos esquecidos que passou no Batatoon, porque ou muito me engano ou passou no ecrã desse programa após o Batatinha ter o comando na mão e carregar no botão...
O nome original deste programa parece ser "Anthony Ant", embora eu não me lembre minimamente do título lusitano. De qualquer forma, o protagonista não se chamava Anthony cá em Portugal; chamava-se Toni e todos os seus amigos pronunciavam "Tóní" e não "Tóni". O Toni vivia várias aventuras animadas com o seu grupo de amigos e, se bem me lembro, todos eles gostavam de andar de skate. Ainda assim, cada um deles tinha um interesse que apreciava mais do que o skate. O Kevin, por exemplo, gostava de fazer malabarismos com bolas ou com quaisquer objetos que fossem fáceis de atirar ao ar. Outra das formigas gostava muito de comer. E depois havia outras personagens secundárias que apareciam de vez em quando, como o avô do Toni e uma formiga com um daqueles chapéus de explorador (como o que o Tintim usou no álbum Tintim no Congo). Ah, e já que falei em chapéus: todas as formigas deste programa usavam qualquer coisa na cabeça. O Toni usava um boné vermelho, qual TJ do programa Recreio. Os amigos dele usavam bonés de outras cores ou coisas como gorros ou fitas. Não sei porque é que puseram tantas personagens a usar algo na cabeça...se tivesse de dar um palpite, diria que era para o público se identificar mais facilmente com as personagens. Afinal, ao usar chapéus, elas lembravam mais facilmente os humanos do que lembrariam se "só" tivessem antenas no cocuruto.
Curiosamente, até os vilões usavam algo na cabeça...no caso dos 2 ajudantes tolos, eram capacetes. A meu ver, os vilões eram um dos destaques deste desenho animado. O principal vilão era um tal Conde Mosquito, que tinha a voz de Jorge Paupério. O Conde usava uma espécie de capa ou manto e dava muitas missões maléficas aos tais 2 ajudantes tolos. Estes eram o Nate e o Buzz e, como é costume neste tipo de personagens, estes 2 eram facilmente enganados pelos heróis e faziam muitas tolices. Por vezes os vilões tinham o dia quase ganho e, à última da hora, o Nate e o Buzz deitavam tudo a perder por se distraírem com facilidade ou por serem uns grandes trouxas. Outro dado interessante deste desenho animado é que os insetos, dia sim dia não, tinham de interagir com uns seres gigantescos com sapatos muito perigosos! Esses seres gigantes, como devem calcular, eram os seres humanos. Estes humanos nunca eram vistos a falar e nem sequer se via a cara completa de nenhum deles. Isto fazia com que os humanos, a quem as nossas formigas chamavam Pé Grande, parecessem mais assustadores e completamente insensíveis aos sentimentos alheios. E os tais pés grandes punham muitas vezes as formigas e os seus amigos em perigo, quer com os pés pisadores de criaturas minúsculas, quer por não as verem e lhes acertarem com alguma coisa. Felizmente, por vezes, as formigas até beneficiavam da interação com o Pé Grande. Às vezes até ganhavam alimento para um ano quando o tal Pé Grande deixava cair comida ao chão!
Alguns episódios
- As nossas amigas formigas falam e concluem que se esqueceram do aniversário do Billy, o seu compincha mais novo. Enquanto elas pensam em como resolver isto, um "Pé Grande" passa e deixa cair umas gomas coloridas. As formigas não sabem bem o que fazer com aquilo, mas de repente o Billy aparece e o Kevin tem a ideia de fingir que as gomas eram o presente que eles compraram para o aniversário do Billy! A ideia até funciona bem, pois o Billy gosta das gomas porque diz que cheiram bem, sabem bem e que dão para trepar porque são pegajosas. O problema é que depois o tal pé grande vem recolher as gomas e o Billy é levado na voragem. Ups! (alerta de spoilers: no fim do episódio, eles trazem o Billy de volta)
- Num episódio cheio de frio, as formigas daquela área enfrentavam uma espécie de frente fria causada por...não sei bem o quê. ¯\_(ツ)_/¯ O certo é que a situação não era só desconfortável; estava mesmo a dificultar o quotidiano às formigas. Elas tentavam organizar-se e reunir-se para lidar com a situação, mas não conseguiam muito. Mas o Conde Mosquito não parecia interessar-se muito pelo assunto. Mais tarde, as formigas descobriram porquê: ele tinha uma espécie de túnel privado onde circulava muito calor e o vilão passava um bom tempo lá. Inclusive, quando as formigas o descobriram, o Conde Mosquito estava confortável a tomar um banho quente, ignorando as formigas com frio lá fora. Quando o descobriram, o Conde nem teve remorsos e limitou-se a protestar: "Como é que vocês se atrevem? Eu estou a tomar banho!". O avô do Toni respondeu logo algo como "Como é que você se atreve a manter segredo desta câmara quente enquanto todos congelam lá fora?!". E assim foi...pouco depois, as formigas tinham arranjado uma forma de canalizar o calor do tal túnel/câmara para a superfície, ajudando a aquecer as coisas. E o Conde foi, digamos, "voluntário à força" para fazer um trabalho manual que essa canalização exigiu.
- Este episódio parecia um tipo de paródia à clássica história da Bela Adormecida...nele, o avô do Toni ficava doente e o seu filho rapidamente identificou a doença como sendo uma tal "febre do borbulho". Os sintomas da doença andavam entre o expectável e o surreal; se por um lado o avô tinha delírios, como os que as febres podem causar, a doença também o fazia ficar com manchas de todas as cores e depois com riscas coloridas que lhe cobriam o corpo todo, como se fosse um arco-íris ambulante! Enfim...as formigas não sabiam como o tratar, por isso imploraram à feiticeira má lá do local que salvasse o avô. Essa feiticeira, apesar de costumar ser contra as formigas, lá concordou em ajudar. E aqui veio a parte da paródia à Aurora: a cura mágica que a feiticeira conseguiu amanhar foi um beijo mágico. Isso mesmo; depois de aplicar um batom mágico (acho...), ela beijou o avô e ele melhorou num instante. Quando voltou a si, começou logo a protestar por a vilã estar em casa dele, mas eles lá lhe explicaram que ela lhe tinha salvado a vida. O avô, embora relutante, fez questão de agradecer à feiticeira.
Uma(s) voz(es): Clara Nogueira; Edgard Fernandes; Jorge Paupério; Paula Seabra; Sissa Afonso
Uma(s) personagem(ns): Arnold; Billy; Buzz; Conde Mosquito; Kevin; Nate; Pé Grande; Toni
Pela segunda vez, venho aqui ao blog lembrar uma pessoa que partiu e que trabalhou no mundo das dobragens em Portugal.
Alguém que, da minha perspetiva, era uma LENDA das dobragens:
Joel Cândido dos Santos Constantino.
(De acordo com a Wiki Dobragens Portuguesas, Constantino faleceu neste ano 2023, já no mês de Abril. Porém, eu só soube recentemente. Sendo assim, mesmo com atraso, deixo aqui qualquer coisa como o meu in memoriam.)
Tal como da outra vez que fiz um post assim, não conheci pessoalmente o dobrador em questão, portanto não faço ideia de como Joel Constantino era como pessoa. Mas, no que toca ao lado profissional, não é exagero nenhum dizer que era um dos meus dobradores portugueses de eleição. Top 5, muito provavelmente. E isso quer dizer muito num país como este, tão cheio de belas dobragens e ainda mais belas vozes. E se é verdade que a voz do sr. Constantino não foi tão omnipresente na minha infância - e na de muitos mais, aliás... - como a de Carlos Freixo, a de José Raposo ou a de Sissa Afonso, também o é que, desde muito novo, houve qualquer coisa nas vozes que Joel Constantino fazia que as tornaram mais memoráveis para mim.
Imagem disponibilizada pela edição online do jornal O Templário.
Joel Constantino no centro.
É certo que se pode questionar se era a voz do dobrador per se que era assim tão marcante ou se parecia mais marcante do que era devido à grande importância que algumas das suas personagens tiveram para mim. Bom, é possível, e eu também não sou imune a outros vieses como os que a nostalgia traz. Contudo, este assunto daria pano para mangas, portanto prefiro não me alongar sobre este assunto; deixo só aqui esta salvaguarda. Posto isto, a quantidade de personagens que Joel Constantino dobrou que são incontornáveis para mim é alta. E gostaria de falar um pouco sobre elas.
Quando penso no nome Joel Constantino, penso imediatamente no Gaspar. Sim, o Gaspar do programa O Jardim da Celeste. Esse programa foi sem dúvida um dos mais importantes dos meus primeiros anos de vida e o Gaspar sempre foi uma das minhas personagens favoritas dessa obra. Ainda que o Sócrates pudesse ser mais divertido ou a Olívia ser mais uma fonte de cenas memoráveis, o Gaspar era para mim aquela personagem da qual eu ia gostar em quase todas as cenas com ele. O moço era um pouco como a criança ideal: simpático e afável mas ligeiramente precoce e com uma certa dose de maturidade pouco comum para alguém tão novo (provavelmente causada pelo facto de o Gaspar ajudar regularmente os seus pais na quinta onde cresceu, o que levava o pequenote a ter uma maior consideração por todos os seres vivos - sim, animais e plantas incluídos - e uma melhor preparação para a vida em comunidade e para a luta pelo bem comum). Talvez por todas estas características, o Gaspar deve ter sido a personagem do Jardim da Celeste que menos problemas (ou desafios, talvez?) causava na carrinha da Celeste. Era provavelmente a marioneta que menos se zangava e menos fazia alguém zangar-se. E, também por ser tão impecável, o Gaspar inspirava-me. Ele mostrava-me mais sobre como ser boa pessoa. Eu sentia-me inspirado e acabava com mais vontade de melhorar. Um belo feito para uma "simples" personagem de um programa direcionado aos petizes.
O Gaspar tinha uma voz um pouco fininha, ligeiramente parecida com a do Tico. Refiro-me ao Tico de A Volta ao Mundo de Willy Fog, outra personagem inesquecível da minha infância. O Tico, amigo do Bigodão, era um ratinho dinâmico que agia quase como um alívio cómico numa história que era um pouco séria. Era muito agradável ouvir aquela vozinha levemente esganiçada - no bom sentido - a acrescentar uma dose de humor à viagem pelo mundo e a mostrar curiosidade por muitas coisas.
Neste momento, alguns leitores poderão não concordar muito comigo pois, da sua perspetiva, a identidade do Tico não está ligada a Joel Constantino, mas a Irene Cruz. E sim, acontece várias vezes: uma personagem é apresentada, em diferentes momentos da História, com vozes diferentes. E depois cada um prefere a sua. O mesmo não se pode dizer do Max, personagem dos Tweenies. Afinal, até hoje, só foi feita uma dobragem oficial dos Tweenies...sendo assim, não há "concorrência" e todos os que viram o programa britânico se deverão lembrar do Max com a voz de Joel Constantino. E ainda bem, porque era muito boa. Era uma personagem bem mais velha do que o Gaspar e o Tico e a voz do boneco refletia isso mesmo. O Max, assim com a Judy, era um belo apoio para os jovens Bella, Milo, Fizz e Jake, pois era um adulto que lhes ensinava umas coisas sobre como lidar com emoções negativas e como gerir conflitos. Tweenies era um programa bastante educativo, e foi pela agradável e inolvidável voz do Max que muitos ouviam lições valiosas. E bem me lembro do Max a cantar canções bem alegres, como aquela "Que posso fazer com este cabelo?". E a contar histórias como a do Pernas Para que te Quero.
A descrição deste vídeo diz justamente
"Em memória de Joel Constantino".
Porém, as personagens que eu referi até agora são aquelas das quais eu, pessoalmente, me lembro mais. E muita gente poderá não as conhecer. Bem, se vos facilitar a vida, posso dizer-vos que Joel Constantino cantou pelo menos uma canção que diferentes gerações terão facilidade em identificar. Aqui vai: Joel Constantino cantou nada menos do que...o tema de abertura de Bob, o Construtor! Ah, pois é! Sempre que alguém usa essa música numa qualquer cerimónia de jardim de infância ou sarau de escola, é a saudosa voz de Joel Constantino que estamos a ouvir! E sempre que alguém canta uma paródia para maiores de 12 dessa mesma música...bem, nesse caso não é a voz do dobrador que estamos a ouvir, mas de certa forma estamos a ouvir algo que só chegou a nós através do cantar de Joel Constantino. Afinal, se o dobrador não tivesse feito um belo trabalho a cantar o tal tema de abertura do desenho animado, quase ninguém se lembraria da canção, sequer.
Resta eu arriscar descrever a voz de Joel Constantino. Ou, pelo menos, a voz como eu a costumava ouvir na televisão, não é? Bem, é mesmo difícil descrever...a primeira palavra que me ocorre é "agradável". O sr. Constantino dava muitas vozes que, sem ser uma voz daquelas que faz uma audiência inteira voltar-se para ver quem está a falar, era muito agradável de se ouvir...fazendo novamente o paralelo do tio, eu diria que ouvir a sua voz era como ouvir aquele nosso tio que, mesmo não sendo uma das pessoas mais mencionadas da família, é sempre afável, muito diplomático e sabe dar conselhos de vida muito bons e recheados de sobriedade e de razoabilidade. Um tio discreto, mas nem por isso menos importante...esse tipo de tio. Pelo menos era isso que a voz me sugeria. Já quando Joel Constantino fazia vozes mais fininhas para personagens mais novas ou de tamanho reduzido, a sua bela voz soava (ainda) mais divertida e, em termos meramente descritivos, talvez um pouco mais "arranhada". Mas era um arranhado agradável de ouvir e que trazia alegria. E creio que é justo dizer que, nesses casos, o ator soava efetivamente mais novo do que a idade que realmente tinha.
Uma palavra ainda para um nicho extremamente recôndito da dobragem: a dobragem de personagens de jogos de PC em CD-ROM. Neste nicho do qual poucos se lembram, Joel Constantino deu voz a uma personagem importante para algumas pessoas. Qual? O Professor Isca Leto, do jogo A Aventura do Corpo Humano! Ah, a nostalgia...
Este vídeo insiste muito no jogo Dia-a-Dia.
E ainda bem, porque esse era o meu favorito! :)
Entre as dezenas de papéis que Joel Constantino desempenhou no seu trabalho de dobrador, é difícil fazer uma lista pequena para tentar reunir outros dos seus papéis mais marcantes. Mas é bem possível que alguém que veja esta lista reconheça algo nela. Cá vão, então, mais algumas obras às quais o dobrador emprestou a sua voz:
E voltando só um bocadinho ao início...em jeito de despedida, queria usar novamente a palavra lenda. Imagino que muita gente possa discordar, mas para mim é difícil falar muito de Joel Constantino sem o indicar como uma autêntica lenda da dobragem portuguesa. Quer dizer, são muitos trabalhos, durante muitos anos, e com muitas personagens marcantes muito diferentes. E, admito, o facto de nem a Wikipédia lusa ter tido uma página para Joel Constantino durante anos a fio (e, à data deste post, acho que ainda não tem...) também contribui para um certo mistério no ar. E para fazer um cidadão comum ver um dobrador como um mito. No bom sentido, claro!
Ainda que muito atrasado, digo: vá em paz, sr. Constantino. E condolências à família.