sábado, 29 de outubro de 2016

Atualizações

Atualização no post Robin dos Bosques. E esta é importante!

Spoiler: encontrei um vídeo com o genérico em português. Desse já nem eu me lembrava...mas gostei logo!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Doremon (1ª versão portuguesa) - apêndice

Aqui estamos para mais um apêndice a um post anterior. Desta feita, o post sobre o famoso gato sem orelhas. Vamos visitar o genérico final (espero que "genérico final" não seja uma redundância, porque as redundâncias são como os mosquitos: às vezes só dás por eles quando eles já te tramaram!) do Doremon, no tempo em que a dobragem portuguesa do nosso gato favorito ainda não tinha a voz de Raquel Ferreira. É isso mesmo: preparem-se para ouvir uma versão bem diferente da cantada por Bárbara Lourenço e ainda mais diferente de "Los Niños de la Tierra"!

Genérico:
Olha que lindo dia
Que belas as flores estão
O sol sorri para ti com alegria

Junta-te a nós e canta
Bem alto esta canção:
Lá lá lá lá
Lá lá lá lá lá
LÁ LÁ LÁ!*

Como amigos, como irmãos
Com um sorriso vamos dar as mãos
Ouve o teu coração, escuta o que ele diz
Vamos fazer à nossa volta um mundo mais feliz

Vivemos todos no planeta Terra
Tanta beleza o universo encerra...
Por isso olha com atenção em teu redor
Juntos teremos na nossa mão um mundo melhor


Interpretado por: Sissa Afonso

* - sim, era a voz do Gigante que trauteava, num tom nada harmonioso, esta parte! Tal como nas outras versões do genérico. Não havia isso do "Lalaiaiô!" - que, por sinal, foi mantido pela versão mais moderna deste genérico. Não sei porquê, talvez não tivessem o Quimbé no estúdio no dia em que gravaram o genérico...seja como for, esta versão que lembrei é, até à data, a única que fez uma versão portuguesa do "Lalaiaiô!". E, naturalmente, prefiro o "LÁ LÁ LÁ!" do meu tempo. Soava mesmo como o Gigante a armar-se em cantor lírico e a soar mal à brava!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Atualizações

Atualização no post O Mundo Maravilhoso dos Animais. Mais uma vez, graças a uma alma bondosa que partilhou episódios clássicos da nossa infância.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Portugal olé!



Portugal é campeão da Europa em futebol.

Imagino que muitos países não façam ideia de como sabe bem dizer isto. Não só pela nossa história no futebol (tivemos seleções magnânimas), mas também pela maneira épica como a final correu. Parecia realmente uma história de Hollywood: a equipa com muita vontade que perde o seu melhor jogador, mas numa sequência dramática promete que o vai honrar e ganhar o jogo...e acaba por ganhar com um golo daquele em que muita gente menos acreditava, enquanto o melhor jogador vibra com eles fora de campo, revelando-se o melhor jogador que não jogou! Quem lesse diria que isto era um conto de fadas escrito por um astuto contista. Mas não; aconteceu mesmo, o que só fez com que a vitória soubesse melhor. Bem melhor.

Orgulho-me de ti, Portugal; orgulho-me de ti, seleção portuguesa! Não te vou dizer que sempre acreditei, não seria verdade; eu era uma pessoa muito pessimista até me tornar adulto. Mas posso dizer, em verdade, que acredito em ti desde 2010. Foi o ano em que percebi que ser campeão era tão simples como: a) chegar à final; b) querer e c) ganhar o bendito jogo na final! Foi o que fizemos. É possível. E, pensando assim, até dá para ganharmos outra vez. Mas isso pode acontecer ou pode não acontecer. Não sabemos. Mas é bom saber que é possível.

Os seguidores deste blog que me "perdoem" por fugir ao seu tema. A alegria é forte demais. Mas pronto, já acabei.

SIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Fancy Lala

Imagens/vídeos:





Informações: O nível de "esquecimento" deste desenho animado é bastante relativo, mais ainda do que todos os outros mostrados neste blog. Quer dizer, é certamente um dos que passou na televisão há menos tempo. É difícil dizer quando, mas creio que terá sido por volta de 2004 ou 2005. Portanto, até certo ponto, não pode estar assim muito esquecido. Mas a verdade é que, embora apresentasse uma protagonista "fofinha" que fazia magia de vez em quando, não teve a popularidade de animes semelhantes como As Navegantes da Lua, Doremi ou, quem sabe, Sakura. Ou seja: comparado com estes outros, está bastante esquecido. E, até certo ponto, não admira; o seu final era um pouco mind-blowing, triste e talvez um pouco chocante para os pobres infantes que acompanhavam este anime no Canal Panda.

Adiante! O ponto de partida deste anime era a de que Miho, a típica moça japonesa que anda na escola, de repente, recebe a visita de dois seres mágicos e passa a viver com eles e rodeada de magia. Os dois seres mágicos desta vez são Pigu e Mogu, dois seres bonitos mas muito estranhos que conseguem levitar. Uma é fêmea, o outro é macho, o que se nota pelas suas cores (branco com rosa e branco com azul, respetivamente). Pigu e Mogu não se parecem quase nada com nenhum animal que alguma vez tenhamos visto. Quando muito, parecem uma mistura muito alterada de coelho com olm. Talvez tenham também um bocadinho de dragão. Seja como for, eles trazem à Miho uma mochila especial com uma espécie de caneta mágica que faz magia quando ela junta a tampa ao resto da caneta. Ou lá o que era; este desenho animado era esquisito. Enfim, com a tal caneta, a Miho podia transformar-se numa adulta com cabelo azul. Sim, como o Tom Hanks no filme Big, mas sem a máquina Zoltar. Ora, entre as dezenas de coisas que pode fazer com isto, o que é que a Miho decide fazer? Tornar-se uma cantora pop que só trabalha ao fim de semana! Pois...porque não? É o tipo de coisa que nós, crianças, engolíamos à primeira. Agora que alguns de nós são adultos, a história é outra e começamos a questionar as coisas. Exemplo: porque queria ela ser cantora ao fim de semana? Porque pela fama, adoração e isso tudo não era, porque durante a semana ela não podia disfrutar de nada disso. Mas enfim; perguntas que mais tarde nos aparecem na cabeça.

Como eu disse, este desenho animado era esquisito. Nem tanto pela caneta mágica, mas mais pelo tom de alguns episódios. É que não só vários episódios se levavam demasiado a sério, com imagens e música meio "góticas", mas também alguns episódios pareciam algo que tinha sido escrito enquanto os argumentistas se enfrascavam com absinto. Isto porque, apesar de este anime ser para um público infanto-juvenil, havia episódios que deixavam os espetadores perdidos, sem perceber nada do que se estava a passar. E isso, na nossa verde idade, era um pouco assustador. É que não perceber porque é que uma coisa má está a acontecer é ainda mais assustador quando somos menores. E depois havia o Sr. Misterioso. Utilizador compulsivo de um chapéu, esta personagem (que era estranhamente idêntica ao pai da Miho, a ponto de muitos pensarem que ERA o pai da Miho) fazia jus ao seu nome, porque aparecia de repente no episódio e dizia coisas genéricas que não serviam de muito. Mas, não se sabe bem como, acabava por ajudar ou causar uma mudança na situação, apesar de a sua mensagem ser muito difícil de decifrar. Nisso, lembrava um pouco aqueles velhos sabichões da cultura pop, como o miúdo guru do programa Recreio ou o mestre Yoda.

Alguns episódios
- Num dos primeiros episódios, depois de conhecer Pigu e Mogu, a Miho foi experimentar fazer uma espécie de audição para ver se conseguia que uma produtora musical apostasse nela como cantora. Transformada na tal Lala, a adulta de cabelo azul, a Miho sacou dos seus dotes canoros e, acompanhada por um pianista, cantou uma melodia muito bonita com mestria. Tanto que a assistente da produtora a aplaudiu de pé a sorrir enquanto a produtora, mais sóbria, pensava "Esta rapariga tem talento.". Sim, isto muito antes daquele tempo em que os Morangos com Açúcar tornaram a palavra "talento" uma palavra de uso comum.

- Num dos tais episódios que deixavam os petizes perdidos sem perceber nada, a Miho estava na sua vida comum quando, de repente, começaram a acontecer coisas estranhas. Não sei se ela foi parar a um universo paralelo onde havia um clone dela, mas a questão é que ela estava a fazer o seu dia e etc...quando de repente encontra três dos seus amigos a conversar numa esplanada. Ela decide cumprimentá-los com uma brincadeira, olhando para eles entre os arbustos que delimitam a esplanada. Qual não é a surpresa da Miho - e a das crianças - quando os amigos olham para ela como se não a conhecessem! E é que não conhecem mesmo; olham para a Miho, não dizem nada, ficam ali um bocadinho a pensar "O que é que esta nos quer?!" e depois voltam à sua conversa! E antes que pensem que isto foi só um episódio na senda daquele enredo muito usado na BD (o da personagem que viaja no tempo sem saber e depois ninguém a conhece), vejam só o que acontece mais tarde: a Miho, transformada em Lala, anda num edifício abandonado em busca de uma resposta. Eis que, do nada, aparece à sua frente...a Miho! Sim, a Miho está basicamente a olhar para si própria. Este clone da Miho cumprimenta a Miho/Lala, sorrindo.
Isto está a ficar arrepiante, não é? Mais ainda se considerarmos que esta cena se passa num edifício abandonado e no meio de um silêncio ensurdecedor. Sim, não há música nenhuma nesta sequência; só um silêncio desconfortável que nos fez temer que, de repente, o clone da Miho saltasse para cima da Miho e a esmagasse como uma batata frita!
E como acabou esta situação toda? Bem, o clone da Miho disse umas coisas esquisitas, em vez de ter o juízo de explicar quem era e porque estava a fazer aquilo, e depois disse que já chegava...e foi-se embora! Assim, sem tugir nem mugir! Eu desconfio que este episódio fez com que muitas pessoas com menos de 18 anos tivessem um AVC de tanto nós no cérebro que o episódio lhes deu. Pudera...


- O penúltimo e o último episódio desta série merecem ser analisados juntos. Até porque fazem parte dos episódios mind-blowing deste anime. Ok, vamos lá ver...o que acontece é que a Miho está descansadinha no seu quotidiano quando percebe que perdeu a mochila com os acessórios mágicos. Naturalmente, fica aflita, assim como Pigu e Mogu. Sendo assim, os três partem numa jornada para descobrir a mochila. Procuram-na em todos os possíveis sítios onde estiveram no dia em que a mochila se foi. O que não é fácil, porque são muitos sítos. Mas enfim; não descobrem rigorosamente nada. Nessa noite, estão no quarto a descansar e a pensar. Mas...ah! A Miho lembra-se que Pigu e Mogu podem fazer magia para fazer aparecer a mochila! Tal como fizeram no dia em que ela os conheceu. Pigu e Mogu hesitam, mas decidem tentar. Fazem então a dança voadora que os permite fazer magia. Um círculo azul aparece e...e...e...

...e nada. Literalmente nada, porque Pigu e Mogu desapareceram! Sem deixar rasto! Simplesmente desapareceram no círculo azul e este também se foi! E tudo o que sobra é...silêncio. Novamente um silêncio ensurdecedor! A Miho, chocada, olha para o espaço onde, há segundos, Pigu e Mogu voavam. Agora está vazio. E a Miho está sozinha. Inexplicavelmente, inesperadamente sozinha. Os seus olhos tremem. Vai chorar dentro de segundos. E o episódio acaba.

Sim, o penúltimo episódio acaba assim, desta forma insana! Porque, quer dizer...será que os argumentistas não sabem que as crianças a assistir se vão sentir chocadas? Que vão querer saber o que raio aconteceu ali? E, mais ainda, que vão chorar?! Porque, convenhamos, os desenhos animados podem envolver muito. E como vão algumas crianças reagir ao ver os seus "amigos" Pigu e Mogu desaparecer assim, sem motivo aparente? E ao perceber que a Miho está sozinha?!

Mas calma, ainda falta outro episódio, o último! Naturalmente, os argumentistas vão usar parte do episódio para explicar um pouco do que aconteceu, não é?
NÃO!
Surpresa, o último episódio não explica nada! O último episódio não é mais do que um epílogo que mostra o que aconteceu depois de a pobre Miho ter perdido os seus amigos e os seus poderes mágicos! E as consequências do desaparecimento súbito da famosa cantora Fancy Lala! É um episódio de tom pesadíssimo e triste. E as crianças ficam assim, sem explicação! Ninguém sabe o que aconteceu a Pigu e Mogu nem se alguma vez Miho os voltará a ver! Ah, mas calma, caaaaaaalma! É que as bizarrices não ficam por aqui! Sabem o que mais acontece? Eu digo-vos: ao tentar voltar à sua vida normal e sem magia, a Miho vai fazer uma viagem de comboio. Os pais dela acompanham-na à estação e a Miho espera, em pulgas, pelo comboio. Enquanto espera ao pé da linha, o seu pai, sentado num banco, põe um chapéu e diz: "Já não és uma menina pequena...não é verdade, Miho?". E diz esta segunda parte com a voz do...Senhor Misterioso! Pam-pam-paaaaam! E quando todos estão convencidos que o anime vai aproveitar para revelar que, afinal, o Senhor Misterioso era o pai da Miho com um chapéu e uma voz diferente, eis que a mãe da Miho se ri da figura do pai e pergunta "Ó filha, quem é que te faz lembrar?" e a Miho, enigmaticamente, responde: "Não sei. Mas devolve-mo.". E sabem que mais? O pai da Miho não agiu nada como Senhor Misterioso e simplesmente mostrou o seu embaraço, dizendo: "Ah, mas eu pensava que mo tinhas dado! Pensava que me ficava muito bem!". E mais nada! Nada mais é revelado sobre o Senhor Misterioso! Nem sobre a forma como ele aparecia em todo o lado como se fosse um fantasma!

Esperem, esperem, não saiam ainda! Ainda há mais bizarrice!




Vejam só o que acontece também: a Miho está sozinha no quarto, à noite. Está descansadinha a viver a sua tristeza. De súbito...ouve uma voz familiar que chama "Miho!". A Miho volta-se logo...mas não está lá ninguém! Mas é a voz da Mogu! E aquela a do Pigu; são as vozes deles, claramente! Onde estão eles? Não estão no quarto da Miho...mas ela consegue ouvi-los! A Miho emociona-se e ouve os dois drago-coelhos voadores a dizer-lhe olá e a dizer que têm saudades dela! A Miho não aguenta e fica de cócoras a chorar enquanto balbucia que gostava muito de voltar a vê-los e suplica que voltem para ela! E vejam bem...Pigu e Mogu não respondem! Vocês estão a ver o nível de what-in-the-bloody-world?! desta cena? Pigu e Mogu têm uma oportunidade de trocar umas palavras com a pobre Miho e depois de a cumprimentarem e dizer que têm saudades, calam-se que nem ratos...voadores! Não lhe explicam o que diabo aconteceu, não lhe dizem se estão bem e de saúde, não lhe dizem se podem algum dia voltar a vê-la...como diria a lógica! E não é que depois a Miho tem de continuar a sua vida como se nada se tivesse passado? Enquanto os amigos da Fancy Lala choram o desaparecimento misterioso dela, a pensar que lhe aconteceu alguma coisa grave?! VALHA-ME. A. SANTA!!!

E o episódio ainda não acabou. Alguns dias depois, algures na rua, a Miho dá de caras com Komi, o homem que preparava o seu cabelo quando ela era a cantora Fancy Lala. O Komi sempre foi um cromo, diga-se de passagem. Mas o Komi fez o favor de apanhar o chapéu que a Miho tinha deixado fugir com o vento. A Miho agradece-lhe e, num impulso, chama-lhe Komi, como se o conhecesse. Ele acha que não a conhece, mas mesmo assim decide oferecer àquela estranha um novo penteado. Então, pede à Miho que se sente ali e trata de lhe mexer no cabelo. Deixem-me recapitular, para ver se se percebe como isto é perturbador: um homem adulto conhece uma criança bonita no meio da rua e pede-lhe para se ir ali sentar com ele enquanto ele lhe mexe no cabelo!!! Este episódio é demais, não é? Mas pronto, o Komi sempre foi bom tipo e nós, espetadores, sabíamos que ele não ia fazer mal à Miho. O que acaba por acontecer é que ele lhe faz um penteado novo. A Miho vê-se ao espelho...e o Komi trata-a por "Lala"! A Miho, naturalmente, assusta-se! Mas ele explica calmamente que ele conhece o cabelo da Lala melhor do que ninguém e ficou a saber quem ela era. Enquanto a Miho digere a surpresa, o Komi sugere-lhe que sorria e pense que dentro de uns anos poderá ser a verdadeira Fancy Lala. E...fim!




E é isto! O episódio acaba, enquanto muitas crianças caem do sofá e/ou esbracejam enquanto têm uma convulsão de tanto absurdo que viram! Não há explicação para o desaparecimento de Pigu e Mogu! Nunca mais ninguém ouve nada da mochila! E nenhuma conclusão se tira acerca do Senhor Misterioso! E a pobre Miho fica quase sozinha, sem os seus amigos voadores! E com a missão de, daqui a uns anos, "substituir" a Fancy Lala! Ou seja: substituir uma cantora adorada por todos que desapareceu inexplicavelmente e deixou milhares de fãs e amigos a chorar! A Miho vai substituí-la! Como se isso fosse possível! E como se isso apagasse todo o sofrimento que um desaparecimento tão horrível causou! O desaparecimento mais bizarro e inexplicável desde Louis Le Prince!

!

Pois.

Não haja dúvida que, mesmo contendo uma maioria de episódios "normais", fofos e sem absinto, este anime é uma das coisas mais chocantes e bizarras que a televisão portuguesa já transmitiu. E, também por isso, nunca mais o esqueci. E, por isso, digo com gosto: Fancy Lala é um dos desenhos animados esquecidos que mais merece ser lembrado. É uma loucura completamente emocionante.


Uma(s) voz(es): Ana Luís Martins; Bárbara Lourenço; Carla Garcia; José Martins; Mário Bomba; Vítor Emanuel

Uma(s) personagem(ns): Haneishi; Hiroya Aikawa; Kanno; Komi; Lala; Miho; Mogu; Pigu; Senhor Misterioso; Taro Yoshida; Yoshio

Genérico: em japonês

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Hércules

Imagens/vídeos: 



Informação: Este também não era um programa de televisão, mas um filme. Um Hércules de origem japonesa lançado pouco tempo antes do Hércules da Disney, que ofuscou tanto este Hércules que lembrar-se dele em vez do da Disney é como tentar ver estrelas no céu quando o sol está a brilhar.


À parte da ofuscação, este Hércules era bem mais sério que o da Disney e, até certo ponto, era mais fiel à verdadeira lenda do filho de Zeus. "Até certo ponto" porque este também oculta os assassinatos de Hércules. Mas enfim; esta versão também tinha canções de qualidade e muita adrenalina. O filme tinha também uma estrutura curiosa: começava perto do nascimento de Hércules, acompanhava-o até às 12 tarefas que ele teve de executar e, depois, debruçava-se só sobre umas e passava as outras com uma montagem. Um pouco como o Karate Kid. O que faz sentido, senão o filme duraria horas e, quem sabe, talvez nem as crianças o aturassem. Para ser mais preciso, o filme acompanhava toda a jornada de Hércules para tratar do Leão da Nemeia, dos pássaros de Estinfale, das maçãs de Hespérides e do cão Cérbero.

E também ocultava o suicídio final de Hércules. Para sorte dos infantes que viram o filme. Algumas outras particularidades deste filme incluem o facto de Hércules tratar muitos deuses por "tu" (ok, Herc, nós sabemos que és meio-deus por seres filho de Zeus, mas à vontade não é à vontadinha, ok?!), o de a atriz Cláudia Cadima dar voz a todas as personagens femininas, praticamente sem exceção, e a sua duração invulgar - 40 e tal minutos.

Uma(s) voz(es): Carlos Macedo; Cláudia Cadima; Fernando Luís; Rui Paulo

Uma(s) personagem(ns): Alcmena; Apolo; Atena; Atlas; Copreus; Eurystheus; Hades; Hera; Hércules; Hermes; Megara; Menoetes; Nereu; Zeus

Genérico:
Há muito, muito tempo atrás
Um povo que na Grécia havia
Inventou para si
A sua mitologia

(qualquer coisa) em todo o mundo
Eram deuses pela sua voz
Que tinham poderes infinitos
Mas eram iguais a nós

Deuses e deusas
Da mitologia grega
Lendas vivas
Da nossa antiga História
Lá no céu
Em toda a sua glória
Deuses e deusas
Da mitologia grega



Interpretado por: Fernando Luís

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Atualizações

Atualização no post Yamazaki. E uma das boas; alguma alma bondosa colocou a versão portuguesa do genérico na Internet! Isto é que uma ave rara. E, também em consequência disso, a letra da música está corrigida!

Disfrutem!

PS: Um muito obrigado ao usuário que dá pelo nome de "Afonso", por me ter fornecido o link. :)

sábado, 2 de abril de 2016

O Cantinho da Bebé

Imagens/vídeos: 


Informação: Como eu gostava disto quando era pequeno…este programa passou quando eu ainda tinha menos de 6 anos. Até pedia à minha mãe para ela me cantar o genérico ao deitar. Ela não sabia, coitada…não via o programa! Adiante; a Bebé era uma bebé (não! A sério?! XD) que morava lá no seu…bem…no seu cantinho, pois!, uma espécie de casa com quintal! Com os seus amigos. Estes eram uma gata, um rato (Rui), um pássaro enorme e um cão (Bobi, que se lê “Bóbí”, um daqueles cães com pêlo à frente dos olhos). O genérico, creio, expressa bem a principal característica de cada personagem. Só tenho pena de não me lembrar melhor dos nomes...enfim, todas estas personagens, incluindo a Bebé, eram marionetas tipo Rua Sésamo. A Bebé e os seus amigos encantavam-nos e ensinavam-nos coisas simples, como não comer demais e lavar os dentes antes de deitar. A ironia era que, apesar de a Bebé ser a personagem principal e uma marioneta muito laroca com carinha de bebé, a maior parte dos episódios tinha como estrela personagens que não a Bebé...

Alguns episódios
- O que mais me marcou foi, sem dúvida, este: o episódio em que Bobi entrou, meio contrariado, numa espécie de dieta. O coitado do cão andava chateado por não poder comer como queria. Foi então que o pássaro se deixou levar pela sua vontade de ter um brinquedo novo e prometeu ao cão que, se ele lhe desse a sua pistola de brincar, ele lhe dava toda a comida que ele quisesse! O Bobi aceitou e o pássaro deu-lhe montes de comida. Mas o Bobi estava tão guloso que não se conseguiu controlar. O pássaro avisou-o que não comesse tanto, senão ainda explodia. O Bobi respondeu-lhe que não dissesse disparates. Pois, mas...acontece que, pouco tempo depois, o Bobi espirrou...e explodiu! O pássaro tapou os olhos, lamentando-se: "Explodiu!". Pois é! E enquanto dezenas de crianças choravam a trágica morte do Bobi, o pássaro acordou! Assim nos revelaram que todo este negócio foi só um sonho! Mas, juro-vos, eu assustei-me a sério por um bocado...

- Certo dia, as nossas personagens estavam a falar de dentes e da higiene dental. Nenhum deles percebia muito daquilo, exceto o Rui. Então o Rui, sempre sabichão, explicou-lhes que era importante lavar os dentes depois de comer, senão os dentes podiam cair. O pássaro (que parecia uma mistura de Poupas com Tingo) ficou muito preocupado, porque como não tinha dentes, tinha medo que lhe caísse o bico! Mas o Rui continuou a sua explicação durante um tempo. Estava tão concentrado no que estava a dizer que quando acabou...já ninguém o estava a ouvir! O Rui não reparou que, entretanto, os seus amigos tinha saído para ir lavar os dentes. Ou o bico, no caso do pássaro...à custa deste episódio, pudemos ver a Bebé a escovar os seus dentes fofinhos de bebé. Foi muito bonito.

- Num episódio mais estranho, mas não maluco, aconteceu qualquer coisa que deixou o Bobi no cimo de uma árvore no quintal (ou algo assim). O Bobi estava um pouco aflito porque não sabia como descer. Lá em baixo, os seus amigos tentavam inventar maneiras de o tirar de lá. A certa altura, foram buscar qualquer coisa, mas não sei porquê o Rui apareceu sozinho no quintal pouco depois. O problema é que já tinha escurecido e ninguém conseguia ver bem sem luz natural. E o Bobi, que estava ocupado a pensar no seu problema, olhou de repente lá para baixo, viu o Rui por ali...e apanhou um susto, murmurando: "Um lobo!". Exato, um lobo; aparentemente, na escuridão, o Bobi viu o focinho cinzento do Rui e pensou que havia um lobo no quintal!

Uma(s) voz(es): ?

Uma(s) personagem(ns): Bebé; Bobi; Rui

Genérico:
(qualquer coisa, qualquer coisa)

(qualquer coisa) é uma gatinha alegre
O Rui, um ratinho sabichão
(qualquer coisa) um pássaro gigante
E o Bobi, cãozinho comilão

Vivem todos muito juntos
No cantinho da Bebé
O cantinho da Bebé
O cantinho da Bebé


Cantado por: ?

quarta-feira, 16 de março de 2016

Beast Machines: Transformers

Imagens/vídeos:






Informação: Este era um daqueles programas que nos dava vontade de oficializar a palavra "fixeza" (como possível equivalente para "awesomeness"). Porque, deve dizer-se, a ideia-base do programa era toda ela "fixeza", transpirava e respirava fixeza! Pois vejam bem: era basicamente um programa sobre animais que se podiam transformar em animais-robôs para lutar contra o mal! Quão mais fixe se pode ser? Muito pouco, suponho...naturalmente, havia mais história no Beast Machines: Transformers do que só animais e animais-robôs a andar à bulha. Aliás, até era um programa com um certo tom sério e intensidade dramática. Mas nós queríamos lá saber; queríamos era ver os animais e os animais-robôs à luta! E quem eram esses animais? Bem, o principal era um gorila, que creio ter sido o primeiro a descobrir que se podia transformar. Mas o gorila costumava ter o seu grupo de companheiros, que eram uma chita, uma aranha (bem grande) e um rato (bem grande também). A verdade é que não me lembro de muito do enredo, mas a verdade é que bastavam aquelas transformações a aqueles heróis para nos colar ao ecrã. Ao ecrã do Batatoon, se bem me lembro, porque acho que este programa chegou a passar no Batatoon. Mas posso estar enganado...

Alguns episódios
- No episódio em que, se bem me lembro, se dava a epifania do gorila que percebia de repente que podia transformar-se no gorila-robô, o nosso gorila encontrou-se no meio de um conflito qualquer que acabou com ele a cair num precipício com milhares de metros de profundidade. Enquanto ele caía com medo do impacto, ouviu de repente uma voz que parecia vir da sua cabeça, como uma memória-ex-machina para o salvar. Ouviu uma voz feminina que lhe disse qualquer coisa como "Tu consegues.". O gorila acreditou e, cheio de coragem, fechou os olhos, concentrou-se e disse "Eu...estou...transformado!". Nem ele tinha acabado a frase e já se estava a transformar numa espetacular mistura de gorila com robô. Lembro-me bem de como o achei fixe e como pensei que ele assim podia dar uma tareia aos maus! Não me lembro se o fez, mas a verdade é que transformar-se safou-o da queda.

- Poucos episódios depois deste anterior, o gorila disse aos seus companheiros que ah e tal, vocês também devem conseguir transformar-se para ficarem mais poderosos e se poderem defender e/ou dar cabos dos maus. Dito e feito, a aranha e a chita experimentaram concentrar-se enquanto diziam "Eu...estou...transformado/a!" e transformaram-se nuns animais-robôs de aspeto estupendo! Só que, por alguma razão, o rato não conseguia; ele bem repetia "Eu estou transformado!" com os olhos fechados, mas não mudava. O rato não lidou bem com isso e sentiu-se um pouco à parte dos seus companheiros. Só que, mais tarde - pode ter sido noutro episódio -, no meio de um trabalho dos transformers, o rato viu um objeto qualquer com aura de fruto proibido. Não sei bem como nem porquê, pensou que aquilo o podia ajudar. A verdade é que, pouco tempo depois, o gorila, a aranha e a chita viraram-se para trás e lá estava um animal-robô que parecia um híbrido entre ser humano e segway, mas que tinha a voz do rato. Eles estranharam, mas o rato tentou acalmá-los, dizendo que aquilo não era nada de especial; era só ele que estava transformado. Mas eu acho que o gorila e os outros não reagiram bem à transformação dele; devem ter pensado que ele usou o fruto proibido ou assim.

- O rato era sempre o mais impaciente para se transformar e isso notou-se num episódio em que havia uma ameaça qualquer no ar que podia tornar perigoso os nossos animais transformarem-se. O gorila estava a explicar qualquer coisa aos seus companheiros e o rato, impaciente, dizia-lhe que, se era assim, então que ele lhes desse os poderes o quanto antes para se poderem transformar. O gorila, como era seu dever, respondeu "Agora não é fácil". E depois deu uma ideia da razão.

Uma(s) voz(es): Jorge Sequerra; Rui Oliveira

Uma(s) personagem(ns): a aranha; a chita; o gorila; o rato

Genérico: Desconhecido

quarta-feira, 2 de março de 2016

Em Memória de Jorge Sequerra

Jorge Henrique Campião Nogueira Sequerra deixou este mundo.

Como acontece com os humanos, há muitos lados de Jorge Sequerra. O lado familiar. O amigo. O conhecido. O amante de teatro. E muitos mais. Mas nesses prefiro não falar, pois não os conheci. O lado com que estou mais familiarizado é, naturalmente, o das dobragens. Sim; Jorge Sequerra, ator de teatro, televisão e sabe Deus mais o quê, fez dobragens. Muitas dobragens? Talvez não, mas certamente mais do que se pensaria à primeira. Sequerra pode não ter chegado a ser omnipresente nas dobragens como o são, digamos, Ana Vieira, Peter Michael ou Bárbara Lourenço. O resultado é que dificilmente será tão lembrado quanto estes. Contudo, ouvidos mais atentos podem pensar que a relevância das personagens que dobrou é, de certa forma, inversamente proporcional à frequência com que dobrou.

Imagem disponibilizada pela edição online do jornal i.

Abstrato demais? Muito bem, passemos a coisas concretas. Aqui estão 4 programas nos quais Sequerra participou com a sua voz:

- O Jardim da Celeste 
(no papel de Pinguinhas)
- Recreio 
(no papel de diretor Prickly/Romão e outros)
- A Carrinha Mágica 
(no papel de Rafa)
- Ren & Stimpy 
(no papel de Sr. Cavalo e Super Tosta em Pó)

Pois é; por aqui também se vê que por vezes o que importa é a qualidade, não a quantidade. Porque mesmo não tendo dobrado tanto quanto outros, Sequerra teve papéis nestes desenhos animados tão importantes para a nossa infância. Ironicamente, em dois destes programas, ele foi depois substituído por outro ator ou veio substituir o ator anterior - em Recreio (substituído por Paulo Espírito Santo) e em A Carrinha Mágica (substituiu Carlos Macedo), respetivamente.

Seja como for, agora há que fazer aquela coisa muito difícil: falar da voz de Sequerra. É certo que quem já a ouviu não precisa de descrição. Mas para quem não ouviu...como descrever? Creio que podemos dizer que Sequerra tinha uma voz diferente e uma das poucas vozes profundas da dobragem portuguesa. Profunda no sentido de parecer uma voz vinda bem de baixo, como a voz de um baixo (baixo no sentido de tessitura, não de altura). Mas nem por isso era uma voz assustadora; era um baixo com muita ternura, que dava para parecer que era o nosso tio divertido. Além de que tinha umas risadas deveras expressivas. Quem não gostou de o ouvir rir no papel de Sr. Solo em Uma Vida de Inseto?

Creio que a melhor memória da voz dele que posso partilhar é esta: o saudoso episódio de O Jardim da Celeste em que o nosso Pinguinhas é comprado pela Celeste e pelo Sócrates. Disfrutem.

Só não tem a clássica canção Sou Pinguinhas, o regador...

Abaixo, uma lista com mais alguns programas que incluíram Sequerra no elenco da dobragem:

Catarina
Chobin
Gatos Rabinos
Mighty Max
Os Amigos de Ovide
O Gato das Botas
O Urso Teddy
Puzzle Park (adoro!)
Raio Azul
Sinbad

Vá em paz, sr. Sequerra. Vamos ter saudades.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Os Bravos Cavaleiros

Imagens/vídeos:


Informação: Este programa era relativamente simples. Tanto que parece que não durou muito tempo; não passou dos 20 episódios. Seja como for, ainda me animou nalgumas manhãs. Contava as aventuras de dois cavaleiros chamados Sir Boris e Sir Morris. Como o genérico dava a entender, o segundo era o tolo e o primeiro era o...menos tolo! Visão generalizada, mas simplificada. Enfim, o genérico dizia que Boris era "o melhor espadachim do mundo" e que Morris não era o melhor, mas que era "o mais entusiasta!". E assim era. O Morris e o Boris tinham cada um o seu animal de estimação que, se bem me lembro, eram robôs! Chamavam-se Sir Horace e Sir Doris - um cão e um hamster, respetivamente. Sim, os animais-robôs tinham também os títulos de Sir. Algo me diz que o programa não durou muito porque esta monarquia era patética, hehe! De resto, os bravos cavaleiros passavam ainda algum tempo com duas princesas de voz fininha das quais tinham de cuidar de vez em quando. Mas geralmente não se saíam bem. E elas também eram meio esquisitas.

Alguns episódios
- O Morris e o Boris levam as duas princesas numa viagem por uma floresta em direção à casa das tias delas. Pelo caminho, estão a descansar e um dos cavaleiros arrota. Surpreendentemente, as princesas acharam imensa graça ao arroto e pedem a Morris e Boris que as ensinem a dar arrotos. Eles tratam disso...mas mal sabem que as tias das princesas são ainda mais extravagantes que elas! Quando chegam a casa das tias, descobrem que elas têm um vaso com plantas carnívoras enormes! E quando estão a jantar, uma das princesas arrota e diz "Com licença." ou coisa assim. Uma das tias pergunta o que foi e a princesa explica que deu um arroto. Agora vejam só o que aconteceu a seguir: a tia não só disse que aquilo não era um arroto a sério como logo a seguir deu ela própria um grande arroto só para lhe mostrar o que era um arroto a sério! E não estamos a falar de coisa pouca; a tia deu um tremendo arroto que fez tremer a casa e arrastou tudo o que estava em cima da mesa! Para grande choque de Morris e Boris.

- Certo dia, o Morris perdeu o seu animal de estimação, Sir Doris. Se bem me lembro, o hamster malandro andava só por aí, a comer tudo o que encontrava. O certo é que, enquanto não encontraram Doris, o Morris entrou numa espécie de depressão, ficando o dia todo no sofá a pensar em nada. Tanto que, a certa altura, o Boris fez-lhe um discurso para o tentar fazer voltar à vida. Só que ele estava a falar para a armadura do Morris, a pensar que ele estava lá dentro. Mas não estava; era mesmo só a armadura! O Morris, quando chegou, até lhe perguntou porque é que ele estava a falar para a armadura...mas voltando a Doris, o hamster às tantas foi comido inteiro por um dragão. Só que, como foi comido inteiro, sobreviveu e ficou no estômago do dragão a comer TUDO o que o dragão metia na boca! Resultado: o dragão fartava-se de aviar comida mas nunca ficava cheio! E, claro, no final os bravos cavaleiros recuperaram o hamster!

Uma(s) voz(es): Carlos Macedo; José Neves; Teresa Madruga

Uma(s) personagem(ns): Sir Boris; Sir Doris; Sir Horace; Sir Morris

Genérico: Falado

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Os Azares da Sofia

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Informação: Imaginem uma Heidi ou uma Nadia (aquela de Ashite no Nadja), só que com uma personagem principal de moral muito questionável. Imaginaram? Bem, essa é a Sofia. Ou seja…este desenho animado era daqueles para chorar litros. É que a própria Sofia chorava bastante e quase tudo lhe corria mal. Aliás, o genérico tinha uma imagem de grande intensidade dramática: a Sofia a subir umas escadas a correr enquanto chora. Sim, a Sofia tinha “azares”. A começar por, durante uns bons episódios, os seus pais estarem desaparecidos. A bem dizer, a mãe da Sofia, no início, não estava desaparecida, mas parece que a Sofia se perdeu dela a certa altura e ficou “sozinha”. Já o pai parecia um “verdadeiro” desaparecido e havia umas quantas peripécias para o encontrar. Mas tudo corria mal. A Sofia não tinha uma vida fácil, apesar de estar rodeada de pessoas que se vestiam bem; houve uma madrasta que a “adoptou” e que não a tratava muito bem. E os adultos à volta da Sofia castigavam-na várias vezes (mais um litro de lágrimas!). É que ela também não era uma santinha – este assunto está desenvolvido em baixo. Era uma menina que parecia ter tendência para o conflito. É, este desenho animado tinha os curiosos pormenores de ser muito triste e de ter uma personagem principal que não inspirava assim muita compaixão. Acho que o via mais por hábito, porque eu nem sequer gostava da Sofia. Talvez eu fosse demasiado sentencioso com ela. Mas, em retrospectiva, é bastante emocionante.

Inspirado num livro da Condessa de Ségur publicado no século XIX, este desenho animado pertence àquele género a que Nuno Markl tão sagazmente chamou o género Vamos lá pôr a criançada a chorar e os paizinhos que lhes expliquem como é miserável a vida!


Alguns episódios
- Tive a sorte de ver o primeiro episódio deste programa. Não me lembro de tudo, mas lembro-me do pormenor - aliás, “pormaior” - de ser um episódio em que a Sofia fazia asneira mais do que uma vez! Primeiro, zangava-se com o seu amigo (no livro era primo, no programa não sei) Paul e arranhava-o à força toda, deixando-lhe uma ferida bem visível. O Paul, coitado, quis proteger a Sofia para não a castigarem. Vai daí, sabem o que é que ele fez? Atirou-se para dentro de arbustos cheios de espinhos e fingiu que tinha lá caído para justificar o arranhão! O que ele não sabia era que a Sofia o viu a atirar-se para os arbustos e percebeu porque é que ele o tinha feito. Isso deixou a Sofia com um grande sentimento de culpa. Tanto que, mais tarde, ela admitiu aos adultos que, não, aquela ferida não era dos arbustos; tinha sido ela a arranhá-lo. Os adultos perdoaram-na, mas a mensagem subliminar deles, no fundo, foi: “Minha menina, voltas a pisar a linha e não vamos ser nada brandos, é garantido!”. 
A Sofia arrependeu-se novamente...mas nem isso a impediu de meter a pata na poça outra vez! É que houve uma senhora que trouxe uma caixinha com frutos tipo bolo-rei (ou podiam ser só frutos; eu não sabia nada sobre a cultura francesa) e deixou cada criança tirar dois. Eles regalaram-se. Porém, a Sofia entrou à socapa no compartimento onde estavam esses frutos e não resistiu a comer muitos mais. Quando viu o sarilho em que se meteu, disse a si própria que ia contar aos adultos que foi uma ratazana grande e gorda tinha comido aquilo tudo. Mas não aguento e acabou por confessar. E foi castigada a sério. Pois é...mais um dia na vida de Sofia, uma pequena com tendência para fazer asneiras, mas capaz de sentir culpa.


Não...não comas a maçã, Eva...quer dizer, Sofia!


- Certo dia, um homem foi pedir a um daqueles lugares onde se guardam papéis para efeitos de registo (não sei se eram registos de passageiros de transporte ou registos civis ou coisas assim) para procurar pistas sobre o paradeiro do pai da Sofia. Atendeu-o um funcionário que estava convencido que ia encontrar o nome do pai, mas de cada vez que ele olhava para um papel, concluía que não, não estava ali nada útil. A certa altura, o funcionário largou os papéis e pegou no casaco. O homem perguntou-lhe o que se passava e o funcionário respondeu: “Está na hora de fechar.”. O homem protestou, dizendo que não tinham avançado nada. O funcionário disse ah e tal, volte outro dia. Ainda hoje me lembro de como torci o nariz a esse funcionário. Não tanto por ele ir embora na hora certa - não o censuro por isso - mas sim por ele ter pegado no casaco assim de repente, sem sequer dizer ao homem que tinha de ir embora e pedir-lhe logo que voltasse outro dia. Achei que era uma questão de cortesia...mas talvez o tenha julgado com pouca justiça. Quem sabe...

- Num episódio em que a Sofia já vivia com a madrasta, a pequena lamentava a fome que tinha ao longo do dia por a madrasta controlar severamente o (pouco) que ela comia diariamente. Note-se que isto não é coisa pouca: a madrasta chegava ao ponto de não a deixar tomar a famosa refeição importante do dia, o pequeno-almoço! Adiante...uma criança amiga da Sofia ofereceu-lhe biscoitos e, enquanto a Sofia comia, comentou que não gostava da madrasta de Sofia e que ela era má “como um ogre!”. As amigas sugeriram que ela tivesse mais calma com as palavras, mas a pequena mal o fez. Ela e a Sofia eram muito próximas.

Uma(s) voz(es): ?

Uma(s) personagem(ns): Paul; Sofia

Genérico: Instrumental